17.10.08

Primum non nocere


Doido sei que não sou
Mesmo que digam o contrário
Tive alta nesta semana
E me sinto mais do que curado

Maluco nunca fui
Sou certinho até demais
Admito tenho lá minhas manias
Mas respeito meus iguais

Minha mãe comigo se assustava
Meus irmãos de mim corriam
Só porque montava guarita
Junto ao caixão dos que se iam

Só não agüento é gente ruim
Dessas que só querem se aproveitar
Se percebo que esse é o caso
Passo a faca e deixo sangrar

Se não me afino com alguém
Esse tem é que correr
Porque se acaso eu pegar
Com certeza ninguém vai gostar de ver

Desde que saí
Não fiz maldade nenhuma
Ajudei até o açougueiro
A destrinchar rês no dente e na unha

Confesso que gostei
E sinto que faço com amor
Quando trisco a lâmina na carne macia
Imagino o bicho estrebuchando de dor

Acho que é disso mesmo que vou viver
Usando o que sei fazer de melhor
Para não mais matar ninguém
E não de deixar viúva em situação pior

Nenhum comentário: