9.12.08

Marteladas do destino


Gustav Mahler surpreendia as platéias colocando em algumas de suas obras duas ou três sonoras e pungentes marteladas.
Os biógrafos sempre atribuíram-nas a motivos muito específicos como a perda da filha, o desemprego e a doença cardíaca. Mas, hoje, há uma nova versão que corre os bastidores do mundo dos concertos, afirmando que a intensão do compositor era mesmo a de vingar-se do pai, o Sr. Helmut, ferreiro de ofício, que obrigava o jovem Mahler a atiçar o fogo e a varrer a oficina enquanto ele trabalhava ferozmente no malho. Produzia ruídos enlouquecedores e não cedia aos apelos do garoto que, aos prantos, suplicava-lhe que o deixasse sair ao menos durante suas abomináveis crises de enxaqueca.
Assim que conseguiu independência financeira, empregando-se como músico autônomo em um cabaré nos arredores do povoado em que moravam, passou a executar seu plano de vingança ensaiando as tais contundências madrugada adentro embaixo da janela do genitor.
Constance, sua irmã, registrou em diários, que a grande prejudicada nesta querela familiar foi a mãe, a Sra. Ingrid, pois Helmut, já completamente surdo pela profissão, dormia como uma rocha sem se dar conta das inúteis investidas sonoras do pimpolho. Já a matriarca, sofrendo em silêncio e ensandecida após a décima oitava noite seguida sem dormir, não resistiu à tortura e deu cabo à própria vida ao defenestrar-se do sótão, numa véspera de natal, projetando-se sobre o filho que deste episódio acumulou vários e graves ferimentos. Isto explicaria a dúvida que até hoje persistia sobre os reais motivos de sua marcha coxa e voz rouca praticamente inaudível.
Gustav jamais se recuperou da culpa e amargou o resto de sua vida uma atitude sorumbática e reclusa. Mesmo isto não o impediu de nos deixar um prolífico e denso legado musical.

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