9.10.09

Sexta-feira


(para Veronika Paulics)

(A tarde se foi faz tempo)

Com o cabelo ainda molhado
Acende mais um cigarro
E se acomoda melhor na poltrona que olha para a rua

O vestido cavado
Permite que o perfume de cravo
Escape de seu peito e lhe fustigue as narinas

O que sente na espera
É tortura
Quase sangramento

Os cães do mundo inteiro uivam em desespero
Mesmo confinada a cadela vizinha
Satura o ar com um cio denso e imperativo

Jurou para si que não mais ficaria só
Daria guarida a qualquer um que a quisesse
Nem que fosse o guarda da esquina

(Aliás ele já apita anunciando o sábado)

Desliga o abatjour já com dia alto
E se recolhe para descansar um pouco
Logo irá à feira comprar qualquer coisa para o almoço

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