28.2.14

Neste amor louco e atirado (4)



As 1000 vezes em que te deixei
(Lamentei)
Foram para nunca mais

De outras 1000 não fugirei
(Agora sei)
Isso não me tira mais a paz

Pois conseguir deixar-te de vez
(Já aceitei)
Sou totalmente incapaz

27.2.14

Amor que é amor



Não recua diante da possibilidade
De conceder outra chance

E não encara este fato
Como algo humilhante

Tenta entender
O erro e o motivo

Compreende e perdoa
O que é possível

Transforma a dor em alimento
Que o ajudará a manter-se vivo

Fortalece o enfermo
E se faz crescer como sentimento

Mas se toma conhecimento
De que não tem mais assento garantido

Pede licença aos envolvidos
Se despede e muda de caminho

Antes que desapareçam de vez
As lembranças ainda carregadas de carinho

26.2.14

Neste amor louco e atirado (3)



Nossa soma sempre foi maior
Que 2 ao quadrado

25.2.14

Amor é amor



Mesmo que tenha outro sabor

Assim como a rosa
Ainda é flor

E mais que flor
Continua a ser rosa

Apesar de mostrar outra cor

24.2.14

21.2.14

Deliciosa figura



Especular ensejo
Tudo em mistura

Pernas
Peitos

Braços
Bundas

Que pedaços são meus?
Que partes são tuas?

Confuso novelo
A ser desfeito

Fios sem pontas
Pressa nenhuma

20.2.14

Depois de muito navegar



E incontáveis tormentas enfrentar
Escrevi um longo lamento
Coloquei-o numa garrafa e atire-a ao mar
Pois terras novas não descobri
Fui obrigado a desistir
E de onde parti
Cabisbaixo tive que retornar

As correntes fizeram-na viajar
Por caminhos que minha imaginação
Jamais conseguirá alcançar
E foi o próprio oceano
Por maldade ou engano
Que a trouxe em minhas mãos
Anos depois já em meu antigo lar

A rolha não tinha sido violada
Nem lida a carta
E mesmo após tanta água
O interior do frasco ainda seco
Mantinha o papel dobrado e intacto
Como no exato momento
Em que ali foi colocado

Lembrei-me do desespero
Que explodia em meu peito
Antes do arrolhamento
Não tive coragem de reviver os fatos
E sentir novamente as dores
Daquela história de amor
Que acabou em fracasso

Foi então que subi numa pedra
No alto de um penhasco
E na arrebentação furiosa
Lancei longe aquela lembrança pesarosa
Pedindo ao elemento que por tanto tempo
Abrigou-a em seu seio
Que a recebesse de volta

Que a levasse outra vez planeta afora
Para mais uma viagem
E se um dia por ventura voltasse
A encalhar em minha baia
Eu nesta praia não mais moraria
E após ser lida e contada por outro a história
Poderia finalmente dissipar contidas mágoas de outrora

19.2.14

Fico mais seguro



Naqueles momentos
Em que me acompanham os pés
Mãos e pensamentos

18.2.14

Escrever



É açoitar as próprias costas
Sangrar o que há para expurgar

Aceitar que não há sofrimento sem dor
Mesmo que muito seja preciso chorar

Só parar quando tudo estiver em carne viva
Deixar que o tempo cuide das feridas

Permitir que crostas se formem
E todas as chagas fiquem protegidas

Esperar o fim dos inchaços
Inventariar cicatrizes e traços

Guardar caderno e lápis
Tirar os óculos e apagar a luz

Virar para o lado
E não mais acordar para este assunto


17.2.14

Acreditando



Que sou mais do que penso ser
E se de mim mesmo
Tão pouco ainda conseguirei saber

Como julgar alguém que hoje
Expressa tamanha amargura
Mas é assim que insiste em viver?

Ser que há tempos foi rei
Que em silêncio abdicou do trono
Por motivos que jamais entenderei

Que manteve blindadas
Suas entranhas
E nunca as mostrou a ninguém

Terá ele resolvido suas inquietações
Seus próprios motivos
Encontrando no além algo que só ele vê?

Procurou em vão tateando no escuro
A redenção em outro paraíso
E se viu obrigado a retornar ao ninho?

Ou terá desistido quando em definitivo
Esgotado e sem fôlego
Só lhe restou aceitar-se por vencido?

14.2.14

O que de mais importante pode existir na vida de alguém?



E foi exatamente isto que te dei
Percebes quanto poder
Tens sobre este pobre doador?

Agora compõe o teu acervo
O que me faz brilhar os olhos
Colorir a vida e aliviar a dor

Combustível essencial a esta bomba falível
Motor arrítmico e ensandecido
Fornalha que quase explode de calor

13.2.14

Mesmo com tão pouco tempo



Há tanto sal em tua pele
Quanto o calor deste amor
É capaz de fazer brotar

E por ser tão pouco o tempo
Há tanto sal em minhas lágrimas
Que as poucas gotas derramadas

Podem conter mais
Deste sagrado elemento
Do que em todo um mar

12.2.14

O coração é quem me diz o que quer



Aí é que eu saio
Só aí é que eu vou

Fazendo bom uso dos ventos
Enfrentando as tempestades

Sabendo que meu barco
Chegará inteiro à outra margem

Lugar seguro em que me esperas
Foi lá que o amor te colocou

11.2.14

Ajuda-me



Mas por favor
Não permita que eu seja
Aquilo que não sou
Mantenhamos a verdade como compromisso
Ou só colheremos mais angústia e dissabor

Trilhamos caminhos distintos
Espinhos nos arranhando
Escorregamos no limbo
Mãos e pés sangrando
E sozinhos aprendemos a lidar com a dor

Mas não nos deixamos derrotar
Sempre levantamos e seguimos
Somos mais que parecidos
Seres carentes de carinho
Transbordando de vida e calor

10.2.14

Não suporto



Quando a minha solidão
Se encontra com a sua
E não consegue uma combinação
Não ocorre a mistura

Bebida intragavelmente pura
Duas fases no mesmo copo
Água e óleo
Focadas na própria estrutura

Aproximação que em nada de útil resulta
Nem mesmo um leve torpor embriagado
Alienação à crueza dos fatos
Transitória e necessária fuga

Expediente tão utilizado
Para anestesiar ferimentos
Mascarar sentimentos
E não ceder à loucura

7.2.14

Fico tentado



A atender ao desejo
De acomodar mais amor
Neste meu peito já tão ocupado

É que vejo este sentimento
Como único elemento
Que não pode ser dispensado

Tenho medo do desperdício
E que falte o oxigênio
Quando me sentir sufocado

6.2.14

Para que a vida possa valer a pena



É preciso que ao longo do dia
Haja ao menos um momento de arrebatamento
Que o sentimento seja timoneiro
E leve o barco para longe daquilo que entedia

5.2.14

A tristeza que vem não tem data pra partir



Mas não pode para sempre ficar
Pode até ocupar este corpo
Por um tempo mais longo
Mas um dia há de passar

Melhor seria se nos atravessasse
Como a uma holográfica imagem
Assim não deixaria lembranças
Não teria como nos machucar

4.2.14

Neste amor louco e atirado (1)



Nunca contamos
Até 10

Preferimos não chegar
Ao 4

3.2.14

A lâmina



Que ao ser amolada
Faísca
Cumpre sua tarefa à risca

Empenha seu corpo
Se desgasta
Danifica

Até que um dia
Decide descansar
Afastar-se da lida

E cede o lugar a quem
Com o fio intocado esperou
Pelo dia de tornar-se rainha