21.3.14

Ainda que o sangue circule em ensandecido galope



Ruborizando a face e fervendo na artéria
Desejando precipitar-se por cascatas que o levem ao mar
Não resistirá à frieza paralisante da sensatez
Paradoxal atributo das feras
Mesmo que o ser atormentado pela dúvida
Desvestido de todos os epitélios
Busque o expurgo da culpa
Esvaindo-se em pálidos impropérios
Para obter o pretendido perdão
Precisará de sacrifícios e autoimolação
O esfolar corrosivo nas imersões em piscinas ácidas
O arrastar de pés nas enxurradas cáusticas
Arrancar com torquês
Um a um sem esquecer nenhum
Na exata ordem de colocação
Os cem mil pregos cravados no crânio
Depois de cumpridos os objetivos do algoritmo traçado
De estimular regiões do encéfalo isentas de coágulos
Seccionar músculos aliviando tensões tendinosas
Impedir faíscas no acoplamento das partes gelatinosas
Revelar sob a máscara a expressão marmórea da morte
A catatonia elástica das línguas chamuscadas
Dos beijos com gostos padronizados
E transformar as últimas e já desbotadas lembranças
Em entes plasmáticos cuidadosamente desfigurados

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