11.3.14

O artista



Inicia os desenhos
Grafitando contornos

A tudo contorna
Para entender o que toca

Os relevos quentes do corpo
Os limites tracejados das vontades

Só depois usa o acervo de cores
Para preencher os esboços

Observa tranquilo o retrato inacabado
Até que uma mão se estende

Pede-lhe que tire as botas cheias de barro
Que passe pelo jardim das carícias e siga em frente

Esbarrando em girassóis floridos
Amarelo vivo margeando o caminho

E já no abrigo da cabana
Cortinas verdes ao vento voando

O conforto róseo das bocas coladas
Línguas se reconhecendo sem esforço

Colorindo sentimentos cada dia mais vivos
Sorvendo matizes de um hálito morno

A leitosa penumbra do universo amoroso
Rasgada por errantes pinceladas prateadas

E o degustado gozo de uma chuva de meteoritos
Em vermelho fogo rumo ao infinito

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