18.7.14

Minha Dona



Sou cativo de tua boca
Cartógrafo dos teus relevos

Guardião de tuas portas
Vassalo dos teus desejos

Agasalho de tua carne
Serviçal do teu cio

Mais uma vítima de teus feitiços
Marionete dos teus caprichos

Touro marcado com tua insígnia
Um livro qualquer no teu acervo

A sobremesa que exiges bem servida
Escravo liberto preso ao teu leito

O último gozo antes da partida
O perfume que resta no travesseiro

Mas de nada me queixo
Pois feliz recebo corpo e sentimento

Me permites o uso, o abuso
Sou conduzido e conduzo

Lambuzo, sacio
Derrubo do púlpito e sou saciado

Até que rendido, quase morto
Desfaleço com olhar paralisado

Vendo teias de aranha
No teto branco do quarto

Já ouvindo lá fora o movimento dos pássaros
Enquanto velo o teu sono

Sem saber ao certo
Se foi sonho ou fato

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