5.10.16

Enquanto


Procuro por minhas meias, meus sapatos
Envergonhada escondes o rosto
Maquilagem borrada os olhos já tão inchados
Em silêncio, no escuro me levanto
Pisando em velas apagadas, taças
E restos de vinho derramado

Enquanto

Ajusto o nó da gravata
Disparas a proferir bravatas
Ofensas disparatadas
Mas não tens forças para sustentá-las
E mergulhas numa tristeza muda
Seguida de nova cascata de lágrimas

Enquanto

Confiro se tenho batom no colarinho
Se o paletó ressente a tabaco
Ou a perfume desconhecido
Juras que me matará e que também morrerá
Que a vida sem mim não tem mais sentido
E que não voltarei para aquela que se colocou em nosso caminho

Enquanto

Desço as escadas ouço mais que um grito:
“Se cruzares aquela porta
A última coisa que ouvirás será um tiro”
Me viro, me aproximo
Dou-te um beijo apaixonado e digo:
Até outro dia minha Linda, agora volte a dormir, Eu te ligo

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